quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Lua cheia

A lua é cheia. Brilha e se oculta por entre as nuvens. Mantos  de nebulosidade, aos poucos, caem e desnudam estrelas, astros... Aqui na terra , por detrás de uma janela embaçada pela umidade da noite, um rosto sombrio se faz acompanhar pela magia da lua cheia. O ambiente é de solidão. Ouve-se o lamento de um blues que percorre o interior da casa. Um som metálico ecoa, rasga o coração. O peito se abre e sangra. O vermelho escuro do sangue escorre e tinge o tapete com desamparo. Estranho, sinto-me acompanhada pelo silêncio da noite que preenche o vazio de meu ser. Talvez só agora, tenha entendido que a companhia que me acalma e me traz segurança, está comigo. Sou minha melhor parceira, mesmo que não saiba tudo que se esconde de mim mesma por detrás do brilho da lua, e dos acordes da música que geme ao meu redor. Sem bem perceber, vou ensaiando passos que me fazem bailar a dança da lua cheia. Cai mais um manto, outra máscara se desfaz e eu fico mais exposta às marcas que trago no corpo e que tento esconder. Mas elas existem, me constituem, tatuam minha pele. Tudo é apenas mais um efeito da passagem do tempo, que se materializa na mudança das fases da lua. Outra vez a lua é cheia, e mesmo que não brilhe com a intensidade característica  deste ciclo, ela parece também se entristecer com  minha solidão, me faz companhia e me traz a energia vital necessária ao estar no mundo, onde as sensações são plenas mesmo que vazias e melancólicas . Entoo um hino à energia que emana da lua cheia! 

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