quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dia da criança ou do Infantil?

Hoje, 12 de Outubro, acordo com saudades de sabores e toques particulares da infância. Vou para a cozinha e preparo um purê de batatas, arroz bem soltinho, bolinho de arroz frito, feijão caldoso, salada de tomates com azeite de oliva. Sublime os sabores. Cheiros invadem a casa, temperos  misturam-se com os aromas das flores de primavera: madressilva, orquídea, amor perfeito e violetas. O tempo mítico do infantil retorna. Lá de dentro, vem o marido e diz que para completar, a sobremesa, tem que ser docinho de leite condensado com amendoim. Panelas, colheres, texturas, outros cheiros, formas, tudo se combina nos docinhos de amendoim. Comemoração completa para o dia da criança! Mas para que crianças, se formamos um casal sem filhos? Para as crianças que um dia fomos, que carregamos junto e que não nos abandonaram. Só que hoje não precisamos mais da mãe para preparar as guloseimas infantis. Podemos nos responsabilizar pelos desejos de criança que habitam nosso imaginário.
Mas qual será o efeito disso no psiquismo? Um re encontro com a porção infantil, que costuma ficar guardada porque a adultez é muito espaçosa.
Se todo dia pudesse me encontrar um pouco mais com meu infantil, me deixar levar mais pela magia dos castelos dos contos de fadas, seria mais conectada com aquilo que escondo e preservo de mim mesma, mas que é a essência de minha condição humana, o infantil que me acompanha.
O infantil não nos abandona, oculta-se sob a suposta responsabilidade adulta. Faz de nós seres mais frios, mais racionais e menos conectados com a imprevisibilidade e com a traço infantil que nos constitui.
Que a porção infantil possa driblar a seriedade adulta, e que possamos enfrentar as situações sérias da vida  como se fossem apenas mais um jogo da infância!

Um comentário:

  1. A arte é isso, fazer do nosso particular o universal. Parabéns pelo texto.

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