domingo, 22 de maio de 2011

Mães

Complicado falar dessa condição mítica, a de mãe, sendo mulher e não tendo filhos. Mas mesmo assim  vou  me colocar numa situação de tentativa. Esclareço que falo a partir de observações no laço social e da escuta de algumas mulheres, que narram a busca da maternidade como  condição de sentirem-se completas. Muitas delas se dizem mais incompletas com seus filhos. Algumas relatam que se pudessem voltar atrás, optariam por não ter filhos. As experiências sublimes que buscavam, na maternidade,em determinados casos desaparecem com a chegada do bebê.
Percebo na sociedade, uma exaltação da condição de mãe que nem sempre corresponde à realidade que observo ao olhar as relações entre mãe e filho a minha volta.  A maternidade é vista como condição inerente à mulher,  nem sempre é assim. Parece que para ser mulher em plenitude tem que se passar pela experiência de ter filhos. Na sociedade  em que estamos inseridos, liga-se maternidade à condição do sublime. A realidade da contemporaneidade feminina é mais dura do que a idealização social Em várias situações esta condição não se comprova . Muito se pode observar  sobre a  falta de paciência, agressividade e indisponibilidade  para maternidade de algumas mães. O que se percebe são alguns, e não poucos, comportamentos explícitos de descaso,  despreparo e  indisponibilidade que  chocam. Em nossos tempos, é difícil abrir mão de comportamentos já inseridos na rotina das mães, de bens,de formas de  levar  a vida,  pelo exercício da maternidade. Algumas mães terceirizam as tarefas junto a seus filhos. Tudo isso acontece sob o nosso olhar, mas é difícil dessacralizar a maternidade e falar livremente sobre esta questão , e  desvinculá-la da feminilidade. Ser mulher, ser mãe, seduzir o Outro que nos captura,  assumir a sexualidade e o poder de encantar de mulher são coisas distintas, que devem ser olhadas separadamente, para que não se rotule aquelas que por imposição de seu desejo, fazem escolhas diversas da maioria que se liga a pretensos padrões esperados pelo meio social. Que as escolhas das mulheres sejam feitas pela via do desejo ,e não pela impostura social. Talvez desta forma, possamos devolver o caráter sublime da maternidade, se é que em algum tempo ele existiu como valor dominante. 

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