terça-feira, 6 de setembro de 2011

Poesia Grotesca


                                             A Woman in a Bird Mask, 1967 by Diane Arbus

"A photography, is a secret about a secret.The more it tells you, the less you know." Diane Arbus


Olhando alguns retratos  da fotógrafa americana Diane Arbus, como o acima visualizado, me deparei com o estranho familiar Aquelas imagens que num primeiro instante  repelem, mas logo depois capturam o olhar. É o lado da vida que não costuma ser mostrado, nem cultuado: bizarrices, esquisitices, feiúras, estranhezas. Todas as cenas da crueza da vida que podem até causar repugnância, e exatamente por isso, são familiares a cada espectador, e não vendem revistas. O familiar que causa estranheza, que repele e atrai, porque um dia já fez marca, causou arranhões na imagem de perfeição que o social cobra de cada um de nós.
Esta estranheza retratada nas fotografias de Diane Arbus lembram um artigo que Freud escreveu em 1919 "Das Umheimliche", que traduzido fica "O Estranho". Este artigo do pai da Psicanálise, também apresenta um tom inquietante e quase sinistro.Já a origem da palavra em alemão, traz uma dualidade que transita entre o "estranho" e o "familiar". Tudo que se apresenta como estranho, em determinado tempo mítico já foi extremamente familiar. O desconforto frente ao estranho ocorre porque , sem querer, ele se liga  ao familiar  que ficou velado, esquecido, recalcado no inconsciente.
Talvez ai se encontre o magnetismo, a beleza crua dos retratos de Diane  Arbus, que além de desconsertarem , inquietarem o espectador, também atraem porque fazem laço com o desejo inconsciente . Suas fotos , convocam um olhar que vai para mais além de um simples ver.Elas se constituem numa das mais genuínas formas de "Poesia Grotesca" dos tempos modernos.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Depois de ler teu post, fui conferir o trabalho dela e gostei. Não achei estranho. O estranho sempre é estranho em relação a alguém ou a alguma coisa, talvez as imagens dos retratos de Diane sejam familiares com as minhas referências. Talvez não.

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