sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Palavras Cheias

Costumo dizer que há pessoas que falam e não dizem quase nada. Estas , parece que  usam palavras vazias. Já outras pessoas, que tem uma fala potente, que faz marca naquele que as ouve, se usam de palavras cheias para enunciar sua fala. Dizer não coincide com falar. Um papagaio fala, mas não diz nada, sua fala é vazia.
As palavras, como reprodução de um som, isolado de um significante mestre que as contextualiza na cadeia significante de cada sujeito, são vazias.
O mesmo som, representativo da palavra, mas com efeito de linguagem que comunica até aquilo que  ousa tentar guardar-se num esconderijo por detrás do significado do dicionário, é constitutivo do sujeito e suporte  da palavra cheia.
A palavra cheia, vai mais além da própria palavra. Representa aquilo que se esconde na sombra do verbo e, que em cada circunstância, revela algo que tem potência de desvendar  o suposto enigma  da subjetividade dos sujeitos.
Por sobre a máscara de cada palavra vazia se ocultam milhares de palavras cheias, que dão corpo à linguagem de  quem fala.
Os vocábulos,  encadeados em frases, transmitem algo para o outro que escuta. Assim,algumas vezes,a  fala pode  causar surpresa e trazer algum traço de novidade, até para o próprio falante. Na escuta, do lugar de ouvinte aberto para o Outro , as palavras podem encerrar tantos quantos significantes se fizerem necessários para dizer de um sujeito. Elas desvelam as formações do inconsciente que expressam desejos desconhecidos, tanto pelo dito quanto pelo não dito. O inconsciente é um depósito de palavras cheias de sentido, basta fazê-las dispir a máscara do recalcado e saltar para a consciência!     

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