terça-feira, 8 de março de 2011

Mulher

Ser mulher é bom, estético, sublime e dolorido. Difícil é bancar tudo que esta condição impõe. Seduzir, cuidar e produzir  formas no corpo, amar, acolher, mesmo dentro de si própria, outra vida; escolher. Privilégios femininos. Os homens são escolhidos pelas mulheres. Geralmente, nós damos o sinal verde e eles avançam ou recuam. E as obrigações que a cultura nos impõe? Criar e educar filhos, antes tê-los. Ser amante dedicada e com ótima performance sexual, antes conquistar um parceiro. Estar sempre  bela para ser admirada. Ser gentil, educada , profissional competente e bem sucedida. Administrar a casa, marido e filhos com desenvoltura. Malhar para ter um corpo saudável e quase perfeito.
E a tensão pré-menstrual? E a empregada que falta justo no dia que as visitas chegarão? E o filho que tira notas baixas na escola e necessita ajuda? E o marido que tem crise de insegurança porque acha que já não encontra seu lugar e papeis definidos ao lado deste ser poderoso? E o trabalho que exige uma viagem justo no dia da apresentação teatral do filho na escola? E  a carência sentida ao acordar, olhar no espelho e ver refletida uma imagem cansada, marcada por sinais da passagem do tempo e desgastada pelo peso da mulheridade?
Ser mulher encerra em cada uma de nós a leveza e o peso da condição feminina. Momentos de extremo prazer e outros de dor quase insuportável. Carregamos no interior a intensidade da existência, somos seres paradoxais, e por isso entendidas por alguns  como portadoras de esquisitices, ataques de choro e manifestações de sentimentos exacerbadas. Choramos assistindo uma comédia romântica!  Rimos de medo diante de um filme de terror! Talvez sejam estes comportamentos paradoxais que adicionam o toque de feminilidade que permite a cada uma de nós conviver com os opostos, e continuar sendo sublime, mesmo nas adversidades. Imagem que nos define:colar de pérolas displicientemente caído entre o teclado do notebook e de um amarelado livro de poemas de Florbela Espanca     

3 comentários:

  1. Oscar Wilde dizia que a mulher é o maior exemplo de tirania do mais fraco sobre o mais forte. Não sei se chega a tanto, mas ao longo da história a regra foi silenciá-las através da lei e dos costumes, injustamente punidas por carregar no interior a intensidade da existência. Belo post. Abç!

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  2. Iara, passo a ser teu seguidor por aqui desde hoje. Vou aos poucos lendo teus textos, aprendendo contigo e me emocionando com tuas palavras. Um beijo saudoso.

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  3. Seja bem vindo... e pode ir se distraindo...também saudades... nosso café?????

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