domingo, 6 de março de 2011

A partida

Será que se parte por inteiro? Parece que queremos partir e deixar tudo para trás. Ficar longe do que pode estar impedindo nossos avanços. Há esperança na partida. Esperança de voltar modificado e ter desejo de se realizar coisas que ficaram por serem feitas. Uma partida é sempre um ato de renovação. Caminhar em direção à novidade. Mas, também, é um ato de deixar a comodidade e a previsibilidade do  cotidiano. Isso  dá insegurança  e adrenalina para viver o novo. Partimos e deixamos nossa vida em suspenso. Deixamos nossos amores e nossos afetos. Nosso ninho fica vazio e voamos rumo ao desconhecido. Aproveitar tudo aquilo que a novidade pode oferecer, mas ter a certeza de que um pedaço grande fica à espera da volta. Este naco de vida estará nos esperando no retorno e, talvez, seja ele que nos permite deixar aquilo que é familiar pelo inusitado. Fazer um movimento pendular entre ir e vir. Podemos partir, mas com certeza, ficamos presentes no coração daqueles que esperam a nossa volta. E quem parte também leva um pouco de quem fica na bagagem. Este pedaço que levamos aparece nas lembranças que se tem , nos sonhos de viagem, no desejo de determinada companhia em um lugar específico. Enfim , partir e sair , se distanciar e voltar, mas manter  raízes que nos sustentam, alimentadas pelo afeto que se encerra em nosso ser, mesmo à distância. A porção que parte volta modificada, e isso faz com que a volta seja aguardada por aqueles que ficam com ansiedade. Partir é bom , mas voltar nos envolve num abraço conhecido e afetuoso, que ampara e reconforta. Boa viagem a quem parte!

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